sábado, 23 de janeiro de 2010

Robespierre, o Amigo que virou Amante exclusivo


Robespierre, Margaret e a belissima Três Praias, um dos locais mais belos de Guarapari. Ficam a 45 quilômetros de Vitória e a 3 quilômetros do Centro de Guarapari. As 3 praias são conhecidas como Primeira, Segunda e Terceira.

Robespierre conheceu Margaret por intermédio da filha, quando foi passar uns dias na casa dela, em Guarapari, na praia das Tres Praias, Espírito Santo. Ficou encantado com a beleza dos seus cabelos. Margaret, por sua vez, disse que Robespeierre tinha uns lindos olhos tesudamente verdes. Com o tempo, Robespierre iria descobrir que Margaret falava tudo o que vinha na sua mente. Ela não tinha filtro automático para controlar os absurdos que muitas vezes tomam conta de nossa cabeça. Tinha que pensar muito, e ela não gostava de perder tempo. Conforme ela sempre repetia: a fila anda. E isto servia para tudo. Desde fila de banco até a imensa fila de admiradores que possuia. Mas havia um detalhe que atrapalhava a maneira liberal de ser e viver de Margaret:

- Ela era casada !

Por coincidência, Robespierre alugou um apartamento na mesma rua de Margaret, que tinha uma linda casa com piscina na esquina da praia. Uma beleza de moradia. O marido de Margaret vivia em Sâo Paulo, onde tinha negócios, em companhia das filhas, que detestavam praia. Desta forma, tudo caminhava para deixar Margaret com toda a liberdade que precisava para aproveitar os prazeres que a vida lhe oferecia. Quando conheceu Robespierre ela disse:

- A fila parou em VOCÊ !

Robespierre lembrava sempre de uma frase que um amigo muito sarcástico sempre dizia quando dava a receita para a felicidade: "minta para mim que eu finjo ardorosamente que acredito". Mas robespierre acreditava mesmo em Margaret. Tinha uma amizade muito grande por ela. E Margaret também gostava dele. Uma Amizade sem limites. Incondicional. As pessoas mais próximas, que nunca tiveram uma grande amizade na vida, sussurravam maldosamente: "são dois irresponsáveis. Isto não vai dar certo."

Mas um belo dia a história começou a mudar !

O marido de Margaret chegou em Guarapari e foi logo avisando: não quero mais esse tal de Robespierre aqui dentro da minha casa. Margaret ponderou que ele era pai da sua amiga Luciana, e um grande Amigo dela. Não adiantou. O marido estava possuido por um ódio "imortal" do Robespierre. Sem dúvida nenhuma alguém havia inventado e contado muita coisa maldosa ao marido de Margaret.

Robespierre sentiu que a partir daquele momento ele era o foco central da fúria do marido de Margaret. Robespierre havia se transformado, na cabeça do marido, no bode espiatório de toda a vida íntima de Margaret. Qualquer deslize de Margaret, aos olhos do glorioso marido, o único envolvido na história seria um só: Robespierre !

E essa exclusividade começou a incomodar Robespierre ! Ele começou a se lembrar das palavras do seu advogado quando soube da sua Amizade com Margaret: "Beijo de mulher casada tem gosto de chumbo".

Robespierre tinha um quadro na casa que possuia na serra da Mantiqueira, com uma foto sua, e a seguinte legenda:

- VOLTEI ! ESTOU VIVO ! SOBREVIVI ! "Eu quero renascer sempre" Clarice Lispector.

Margaret disse para a sua amiga de todas as horas que o marido nunca fora de se incomodar com os amigos que tinha. Ela não entendia o ódio dele para com o Robespierre. Foi quando uma outra pessoa falou alegremente:

- "Isso é ótimo porque o Robespierre está se transformando no único problema para o teu marido, e para você. Todos os teus admiradores agora vão ter um único nome: Robespierre!"

E deram uma baita gargalhada !

Robespierre recebeu um telefonema de Margaret, perguntando se ele estava rodeando a casa dela o dia todo. Ele ficou espantado. "Tenho mais que fazer na vida, minha querida". E ela comentou que o marido disse que ele não parava de andar para cima e para baixo da rua, olhando para dentro da casa, e só podia estar procurando por ela.

Robespierre, para evitar confusão boba com o maridão de Margaret, passou a ir a praia afastado um pouco da saida da rua onde morava, para não ficar na frente da casa de Margaret. Ele não estava acostumado com dramalhões conjugais com os quais não tinha nada a ver. Era a primeira vez na vida que ele cerceava o seu próprio direito de ir e vir a qualquer lugar. Mas valia a pena, mesmo sendo uma causa fútil e imbecil.

Quando ele chegava na praia o marido de Margaret vinha para a parte da frente da casa e ficava olhando avidamente a "paisagem".

Quando Robespierre chegava na praia Margaret as vezes descia. Ele ficava de longe olhando para o mar. O marido, de longe, olhando para Robespierre. Todos olhavam alguém. Robespierre sabia que estava sendo olhado. Margaret bebia cerveja com a fiel escudeira. Robespierre começava a rir por dentro.

Era a cena mais ridícula que já acontecera em toda a sua vida !

Quando Robespierre chegou em casa de volta da praia, escreveu a seguinte mensagem para Margaret:

"EU me convenci de que nessa casa ai o único que me AMA é o teu marido. Ele está sempre atento e a minha espera. É perseverante. Fico emocionado. O tempo todo que fico soliariamente estirado ao SOL, olhando a água e o infinito, sinto que ele se preocupa com a minha solidão. Tenho certeza de que ele preferiria me ver com VOCÊ ! Tudo isto me causa muita emoção.

SER TEU AMIGO ESTA SE TORNANDO UMA PEÇA TEATRAL DE TENESSE WILLIAMS !!! Esse é aquele que escreveu a peça "GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE". Ele é o Nelson Rodrugues americano.

Beijo"

Toda Amizade, seja falsa ou verdadeira, sempre tem um preço muito alto a ser pago.



A próxima crônica sobre Robespierre será como ele se tornou um personagem de Agatha Christie.

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

Nenhum comentário: