quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

HAPPY BIRTHDAY, Mami


Dona Sylvia, um suave sorriso em 2008

Hoje, 12 de janeiro é aniversário de minha mãe, Sylvia, que faria 97 anos.

No dia 21 de outubro de 2008 ela nos deixou.

Ninguém morre porque quer, mas ela morreu como queria.

Lúcida, sem sentir dor e dentro de casa.

A vida inteira foi devota de Sâo Judas Tadeu.

Em todas as casas em que morou tinha que ter um nicho para Sâo Judas.



E parece que São Judas deu um toque no destino, fazendo com que a missa de sétimo dia fosse realizada no dia 28 de outubro, dia de São Judas.

Até até hoje eu penso nesta inacreditável coincidência...

"Parabéns pra você
Nesta data querida
Muitas felicidades
Muitos anos de vida
É pique, é pique
É pique, é pique, é pique, é pique
É hora, é hora
É hora, é hora, é hora
Ra-ti-bum
PARABÈNS, MAMÃE."

Beijooooooooo

terça-feira, 8 de março de 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


A PROFESSORA GEISA FIRMO GONÇALVES NO DIA 12 DE JUNHO DE 2000


Neste 08 de março, Dia Internacional da Mulher, eu sempre lembro de mulheres que nunca conheci pessoalmente, mas que ficaram marcadas para sempre na minha memória.

Foi no dia 12 de junho de 2000 que eu ví, e ouvi, o nome de Geisa Firmo Gonçalves pela primeria vez. Ela estava á caminho da morte, servindo de escudo para um psicopata, numa transmissão ao vivo da TV.

Geisa, havia deixado o interior do Ceará para tentar a vida no Rio, ao lado do marido Alexandre Magno de Macedo Oliveira, de 22 anos, que trabalha como tratador de cavalos no Jockey Clube do Rio. O casal morava na Favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul da cidade. Segundo os vizinhos, Geisa optou por morar ali para ficar mais perto do trabalho. Ela nunca teve medo da violência da cidade, comentou a colega Márcia Maria Silvestre.Há oito meses Geisa trabalhava com crianças de 6 a 14 anos. Seu salário era de R$ 300,00.

Quem a matou foi um policia militar. O atirador fazia parte de uma "Tropa de Elite", que tem o nome de “força de operações especiais”. Foi criada no tempo da ditadura Vargas, e aperfeiçoada pelos militares que fizeram a quartelada de 1964, para combater estudantes, trabalhadores e o povo em geral, impedindo que eles saissem às ruas, e clamassem por liberdade.

Essa "Tropa de Elite" é basicamente instruída para matar no momento certo. Seus componentes são treinados para fuzilar algums marginais, sem matar incoentes. Estão sempre em busca da perfeição. Uma adrenalina mortal fervilha nos seus cérebros, Olhos frios, estão sempre procurando alguém que mereça ser morto.

A vítima, deveria ser sempre um marginal da sociedade, localizado na banda podre da sociedade, e esteja pondo em risco alguém que está na banda boa. Quando o fato surge, cruel e real, não adianta pensar porque um está no lado bom e o outro no ruim. O problema já deveria ter sido pensado, e encarado de frente, há mais ou menos uns cinquenta anos atrás.

No entanto, os governantes transferiram a solução da questão para a policia militar. Transformaram os problemas sociais num caso de segurança pública.

Entregaram o problema para a "Tropa de Elite".

A morte de Geisa em 12 junho de 2000, quando estava num onibus da linha 174, que liga a Central do Brasil à favela da Rocinha, no Rio de janeiro, serviu para constatar que na famosa "Tropa de Elite" existem soldados despreparados para exercerer qualquer atividade relacionada à segurança pública.

Depois da trágica morte de Geisa, alguns “técnicos” em guerra urbana, ou que nome tenha as operações feitas pelas policias militares nas cidades, começaram a exigir armamentos mais modernos, alegando que uma inocente morreu porque eles não tinham armas adequadas para fuzilar o culpado.

Geisa foi enterrada lá no Ceará.

Jovem, cheia de vida e sonhos, morreu vitimada por uma série de absurdos, que acontecem em nossa sociedade há uma eternidade de anos. Os homens do poder, até a morte de Geisa, nunca haviam feito nada para acabar com aquele status quo.

Dias depois do ocorrido, o presidente da República na época, FHC, acompanhado de alguns ministros, resolveu lançar mais um “produto” no mercado político-eleitoral, que foi um tal plano “antiviolência”. Num linguajar sonolento e irritante, falaram em bilhões de reais, novos métodos, contratração de policiais, construção de presídios etc. A frieza dos participantes, contrastava com as emoções vividas pelos brasileiros que haviam assistido ao vivo na TV, um bandido dar tiros para o ar, colocar o cano de sua arma na cabeça das vítimas, gritando que ia matar à todos, o rosto aterrorizado dos reféns, e para finalizar, o estúpido desfecho da tragédia, quando um policia militar matou a professora Geisa, e depois os seus colegas estrangularam o bandido dentro da ambulância.

A reunião dos executivos-políticos bem poderia ter sido feita à portas fechadas, como tantas outras o são, e depois distribuido um comunicado à nação.

Entretanto, o tal lançamento público do plano antiviolência, serviu para se constatar que os burocratas governamentais estavam mais perdidos e sem comando do que o “batalhão de forças especiais” da PM do RJ. Para um bom observador, dava para perceber que todos os presentes estavam distante do problema, tanto no seu lado humano como administrativo.

Com a morte de Geisa, o govêrno FHC viria a descobrir depois de seis anos, que o ministério da justiça tratava de tudo, menos do combate à violência.

Hoje, em 08 de março de 2011, a situação continua a mesma. No entanto, a produção dos filmes "Tropa de elite 1 e 2", estão enchendo de dinheiro as contas bancárias dos produtores dos filmes. Em 2002, o diretor José Padilha, rodou um filme documentário sobre o sequestro e morte de Geisa, chamado "ONIBUS 174".

O presidente Lula para lançar o PAC, e a candidatura da ministra Dilma Houssef à presidência da república em 2010, em tres favelas do Rio de Janeiro, precisou da proteção de 1.500 policiais da Tropa de Elite.

Minha querida Geisa, perdoe-nos.

O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

Folha de S.Paulo, no Rio
Delegada responsável por caso de sequestro de ônibus é exonerada

A delegada Martha Rocha foi exonerada hoje do cargo de titular da 15ª DP (Delegacia de Polícia), na Gávea, zona sul do Rio. A delegada foi transferida para a 16ª DP, na Barra da Tijuca. [...] Na conclusão do inquérito, ela indiciou o então comandante do Batalhão de Operações Especiais, coronel José Penteado, sob a acusação de homicídio culposo, pela morte da refém Geísa Gonçalves.

[LEIA MAIS...]


A delegada Martha Rocha, agora em 2011, é a atual Chefe de Polícia do Estado do Rio de Janeiro

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Taça de Leite, a Parreira Fenix e o Sol, no Jardim da Dona Sylvia


"Este vídeo é uma homenagem a lembrança de minha Mãe, Sylvia. Ela faleceu em 21 de outubro de 2008. Devota ardorosa de São Judas Tadeu, a missa de sétimo dia foi realizada no dia 28 de outubro de 2008. Uma coincidência incrível, pois 28 de outubro é dia de São Judas. Ela adorava a Parreira que está nesse vídeo. Aliás, foi ela que a plantou, assim como todas as plantas do jardim. Ela também adorava os Copos de Leite. Eu chamava os Copos de Leite de Taças de Leite, as quais apelidei de Lirias. Até hoje nem sei porque. Ela Sorria e dizia: "Fique com as Taças que eu fico com os Copos". Vejam os Copos de Leite do Jardim da Dona Sylvia. Aliás, neste vídeo não são Copos, mas Taças, Lindas e Maravilhosas. Elas nasceram no meio da Exuberante Parreira Fenix. Estão enroscadas numa Linda história de Força de Vontade e Coragem. Uma história que é um exemplo de perseverança e vontade de Viver. A história de minha mãe, Dona Sylvia. A Parreira Fenix tempos atrás ficou completamente sêca. Todos diziam para mim: "Joga isso fora. Está tudo podre". Eu olhava para a Parreira Fenix e dizia: "Ela vai Renascer". Hoje, quando filmava a Parreira Fenix, ouvi perfeitamente uma voz que vinha das suas raizes, sussurrar: " Amanhã faz dois anos que nossa Mãe morreu, Wilson". Eu descobri que sempre vou Te Amar, Mamãe. "

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ


Eu e Dona Sylvia, há muito tempo atrás, na porta do edifício

sábado, 8 de maio de 2010

UMA PIZZA PARA AS MÃES ELEITORAS DO BRASIL



Comentário sobre a noticia em 08 de maio de 2010:

"Muito triste o presente que o governo Lula e os elementos que foram eleitos para o Congresso Nacional estão dando as mães eleitoras neste ano de 2010. O Congresso Nacional faz de tudo para não aprovar o projeto que só permitiria a candidatura de homens com ficha limpa. Não é uma atitude digna de homens que foram paridos com amor, e eleitos para defender o bem estar, a moral e a justiça de todo o povo . Tenho certeza que as mães desses elementos não estão felizes com filhos tão corruptos. Mas isto não é nada de novo para a maioria dos brasileiros, pois traduz muito bem a realidade do nosso mundo político. Os corruptos conseguiram unir as várias quadrilhas do executivo, legislativo e judiciário, para que toda a roubalheira nacional funcionasse de forma harmoniosa e segura. Em homenagem a este evento fantástico, os eleitores brasileiros colocaram no forno a maior pizza do mundo. Parabéns aos políticos da Pátria Amada Brasil pela inspiração que propiciaram aos criadores da enorme pizza. Espero que todas as mães se lembrem desta grande pizza na hora de votar nas próximas eleições. FELIZ DIA DAS MÃES MINHAS QUERIDAS ELEITORAS BRASILEIRAS!"

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ORAÇÃO A SÃO JORGE


Marcelo Pacífico - Studio Mapa - Oração de São Jorge

Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge Rogai por Nós.


Oração a São Jorge II

São Jorge,cavaleiro corajoso, intrépido e vencedor; abre os meus caminhos, ajuda-me a conseguir um bom emprego; faze com que eu seja bem quisto por todos superiores, colegas, e subordinados; que a paz, o amor e a harmonia estejam sempre presentes no meu coração, no meu lar e no meu serviço; meus inimigos terão os olhos e não me verão, terão boca e não me falarão, terão pés e não me alcançarão, terão mãos e não e não me ofenderão.

São Jorge vela por mim e pelos meus, protegendo-me com suas armas.

O meu corpo não será preso nem ferido, nem meu sangue derramado; andarei tão livre como andou Jesus Cristo nove meses no ventre da Virgem Maria.

Amém.


Oração a São Jorge III

Ó Deus onipotente,
Que nos protegeis
Pelos méritos e as bênçãos
De São Jorge.
Fazei que este grande mártir,
Com sua couraça,
Sua espada,
E seu escudo,
Que representam a fé,
A esperança,
E a inteligência,
Ilumine os nossos caminhos...
Fortaleça o nosso ânimo...
Nas lutas da vida.
Dê firmeza
À nossa vontade,
Contra as tramas do maligno,
Para que,
Vencendo na terra,
Como São Jorge venceu,
Possamos triunfar no céu
Convosco,
E participar
Das eternas alegrias.
Amém!


Zeca Pagodinho e Jorge Ben Jor - Ogum

Eu sou descendente zulu
Sou um soldado de ogum
Um devoto dessa imensa legião de Jorge
Eu sincretizado na fé
Sou carregado de axé
E protegido por um cavaleiro nobre

Sim vou à igreja festejar meu protetor
E agradecer por eu ser mais um vencedor
Nas lutas nas batalhas
Sim vou ao terreiro pra bater o meu tambor
Bato cabeça firmo ponto sim senhor
Eu canto pra ogum

Ogumm
Um guerreiro valente que cuida da gente que sofre demais

Ogumm
Ele vem de aruanda ele vence demanda de gente que faz

Ogumm
Cavaleiro do céu escudeiro fiel mensageiro da paz

Ogumm
Ele nunca balança ele pega na lança ele mata o dragão

Ogumm
É quem da confiança pra uma criança virar um leão

Ogumm
É um mar de esperança que traz abonança pro meu coração

(Jorge Ben Jor)

Deus adiante paz e guia
Encomendo-me a Deus e a virgem Maria minha mãe ..
Os doze apóstolos meus irmãos
Andarei nesse dia nessa noite
Com meu corpo cercado vigiado e protegido
Pelas as armas de são Jorge
São Jorge sendo com praça na cavalaria
Eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tendo pé não me alcancem
Tendo mãos não me pegue não me toquem
Tendo olhos não me enxerguem
E nem em pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo o meu corpo não alcançara
Facas e lanças se quebrem se o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem se ao meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é da capatocia. Salve Jorge!


WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

"BIG BROTHER", O GRANDE IRMÃO QUE TE AMA


Dois Minutos de Ódio - 1984 George Orwell - uma releitura do vídeo ficcional denominado "Dois Minutos de Ódio" presente na obra máxima de George Orwell: 1984.

O ser humano é bisbilhoteiro por natureza. Adora uma fofóca, e quanto mais apimentada, melhor.

Assim sendo, aqueles velhos hábitos que as pessoas tinham de olhar por entre as frinchas das janelas, com ou sem binóculos, para esquadrinhar o vizinho, ou quando o alvo era familiar, bastava colocar o olho no buraco da fechadura, para ver o que o outro, ou outros, estavam fazendo, está voltando em forma de epidemia eletrônica aos dias de hoje.

O que muito pouca gente sabe é que este nome “Big Brother” surgiu no famoso livro de George Orwel, “1984”, onde o tal “Grande Irmão” é um ditador invisível, que controla tudo com seus olhos onipresentes.

A grande moda atualmente, no mundo inteiro, é bisbilhotar a vida de terceiros. Na Internet, ou na televisão, o grande negócio é ver o que as pessoas fazem dentro de casa, como elas tiram a roupa, como escovam os dentes ou como fazem as suas necessidades no banheiro.

Colocar um bando de pessoas estranhas dentro de uma casa, para que elas fiquem expostas à curiosidade pública, com os nervos a flor da pele, dispostas a tudo, inclusive a perderem a sua diginidade, em troca de uma bela quantia em dinheiro, é o grande negócio que as televisões descobriram, para buscar a audiência perdida, tendo em vista a falta total de idéias novas que assolou os homens encarregados de criar programas originais e atraentes na TV.

Na Internet, ficar horas olhando as pesssoas tirarem as roupas, esquentarem o seu sanduiche, se expondo nuas ou seminuas, exibindo uma pose que vive equilibrada na tênue fronteira virtual entre o familiar e o erótico, ou irem para cama transar ou se masturbar, virou o grande vício do momento.

Fico abismado com a quantidade de pessoas que estão instalando câmeras dentro de suas casas, em todos os comodos, do banheiro ao quarto de empregada, deixando que o mundo inteiro tome conhecimento das suas alegrias e tristezas.

Logicamente, o indiscreto paga pela sua curiosidade.

Fiz uma pesquisa e encontrei um site com o sugestivo nome de “Voyeur Paradise”. O idealizador do negócio editou seis fotos para fazer a chamada publicitária na porta de entrada, relativas à um momento da vida da moradora, onde a mulher entra em casa, senta no sofá, levanta a blusa, tira, fica pelada, levanta, liga a TV, apanha um livro, se refestela na poltrona e abaixo da útlima foto, vem a pergunta:

“Now i m bored. Can you think of anything interesting to do?”[Agora estou chateada. Será que você pode pensar em alguma coisa interessante para fazer?]

Ela está sem idéia nenhuma, e pede para que pensemos em alguma coisa interessante para fazer.

Bom, para contiuarmos na companhia desta enfastiada mulher, nós teremos que pagar.

Nos Estados unidos, o canal Bravo, colocou uma mulher dentro de casa, e a belezinha vai morar de graça, com câmeras espalhadas por todos os lugares, e deixando-se filmar 24 horas por dia.

Na maior parte dos sites em que formos dar uma de “voyeur”, encontraremos muita ação. Em alguns, deveremos ter muita paciência para esperar as coisas acontecerem, mas de qualquer forma, deve haver um “video” à disposição dos pagantes, com as coisas eletrizantes que aconteceram quando estavamos desconectados. Afinal, acho que a maioria das pessoas não pode, e nem tem paciência, para ficar 24 horas por dia bisbilhotando a vida do vizinho.

Nem no real, nem no virtual !

Ao escrever esta crônica, a minha intenção na realidade é lançar um balão de hipóteses no ar, e repetir o que já escrevi tempos atrás, quando falei algumas abobrinhas descompromissadas sobre a verdadeira essência destes programas, e dos reais e verdadeiros motivos que levaram os filósofos e gurus das elites internacionais, a inventarem este tipo de “diversão”. Eles nunca aparecem em lugar algum mas estão criando tudo o que deve ser aceito no mundo daqui uns 20 anos.

Estes “cientistas do comportamnto social” estão ligados aos grandes sistemas de mídia, e são financiados pelo super-caixa do sistema financeiro internacional, que é composto pelos quase quinhentos nomes que dominam a economia mundial, e comandam, como verdadeiros deuses, o espetáculo aqui na terra, escrevendo o futuro da humanidde de acordo com os seus interesses.

[Uma estatística revela que "a riqueza combinada dos 447 bilionários do planeta é maior do que a renda de metade da população mundial. Entre as 100 maiores economias do mundo, 50 são de mega-empresas]

Esta aparente curiosidade inocente da humanidade, que começou a engatinhar há pouco tempo, é apenas uma idéia que está sendo muito bem preparada, para que a população se acostume a encarar a bisbilhotice da vida alheia como a coisa mais natural do mundo.

Em contra-partida, aos poucos, ela perderá toda a sua diginidade, e não passará mais a se incomodar por estarem bisbilhotando a sua própria vida.

A pivacidade será uma coisa ultrapassada e fora de moda.

Estará aberto o caminho para que você se torne um “Big Brother” ambulante, pois sairá pela vida com um “chip” encaixado nas nádegas, onde tudo o que fizer será gravado, e distribuido para uma central.

Todo cidadão é propriedade de todos !

Tua vida será vista, filmada e analisada dia e noite, mas como você já se acostumou com a degradação do sentimento de privacidade, de tanto bisbilhotar a vida dos outros na Internet e na TV, isto passará a fazer parte da sua normalidade.

As sociedades bem organizadas como um todo, como já acontece na Alemanha, tem reagido contra este tipo de tecnologia, pois vocês já imaginaram este negócio ser implantado nas bundinha de um povo que tenha um Hitler ou um outro ditador qualquer no comando da nação ?

Certa vez, um bisbilhotado que havia sido eliminado no paredão do Big Brother da TV Globo, declarou o seguinte: “Estou emocionado com esta minha participação no Big Brother. Foi uma coisa única na minha vida. Jamais esquecerei este momento”.

Mais importante que o recenseamento de toda a humanidade, faz-se necessário o repensamento do comportamento dela diante do mundo.


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)


1984 George Orwell Movie Trailer (1984)

1984 by George Orwell - Nineteen Eighty-Four - Film Movie
BBC Television's live production of George Orwell's "1984". Produced in 1954. Creative Commons license: Public Domain.

Caso queira fazer o download de todo o filme "1984", copie e cole o link abaixo:


http://www.youtube.com/watch?v=hATC_2I1wZE

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A última notícia de Wado Tigrão, ou seja, Mohamed Hamad



Tempos atrás encontrei o Wado Tigrão, amigo de quem não tinha notícias há muito tempo. Estava com uma cara estranha, um terno preto, barba enorme, uma longa gravata preta em cima de uma camisa de seda branca, olhos esbugalhados. Tinha o aspecto de fim do mundo. Um perfeito sósia do famoso Enéas. Fiquei arrepiado.

Cautelosamente cheguei perto do amigo e perguntei:

“Que cara é essa ?”

“Agora eu sou fundamentalista !”

Fiquei espantado com a rapidez da revelação.

E o meu amigo Wado Tigrão continuou a sua explicação:

“Lá em casa eu sou o aiatolá. O absoluto, onde o “outro” não existe, pois de verdade em verdade vos digo que o outro “sou eu”. O único ponto de vista que pode existir é o meu. Minha mulher não usa decote, não coloca maquiagem, minisaia nem pensar, não sai à rua, e quando o faz eu exijo que ela cubra o rosto. Minhas duas filhas estão sendo educadas por uma professora particular, para não se exporem aos olhos sedentos de sexo do mundo. Na minha casa ninguém bebe, nem fuma. Só recebo visitas de quem compartilha o mesmo modo de vida. Nada de televisão. Nem cinema, nem teatro. Alá é meu Deus.”

Sem saber bem o que dizer, fiz a pergunta clássica:

“Você é feliz assim, Tigrão ?”

“Muito feliz! Nunca fui tão feliz na minha vida. E para sua orientação, me converti ao islamismo, e meu nome atual é Mohamed Hamad.”

Dito isto, me deu um abraço, se despediu e entrou num táxi.

Vale a pena lembrar que o Fundamentalismo é a doutrina que usa as palavras sagradas na plenitude de seus fundamentos, sem nenhuma concessão as novidades da época, que enxerga os dias de hoje com a visão dos antigos preceitos religiosos.

Eles não aceitam o criticismo, o movimento teológico moderno que interpreta as palavras sagradas de acordo com a época em que é lida, porque estes criticistas acham que as circunstâcias em que os textos foram escritos eram completamente diferentes da atualidade.

O fundamentalista segue fielmente os textos sagrados das Escrituras em que se baseiam as suas religões, sejam elas Bíblia, Talmude, Corão ou o Hadith.

No início do século passado, quando a sociedade americana passou por um profundo processo de liberalização, modernização, democratização, e passou a aceitar a concepção darwiniana da natureza que é o oposto do criacionismo, isto é, que exige a interpretação literal do Gênesis bíblico, e afirma ser a natureza um ato de criação divina e portanto intocável pelo homem, houve um afrouxamento dos costumes religiosos, e uma onda de prazer invadiu a civilização americana, tornando a vida de todos mais confortável e livre. As mulheres começaram a sua luta pela emancipação, os jovens deixavam suas casas para terem uma vida independente, e a diversão passou a ser a prioridade para todos.
Contra este estado de coisas os fundamentalistas fundaram a WCFA (World´s Christian Fundamental Association) em 1919. Os fundamentalistas passaram a ser contra qualquer renovação dos costumes e hábitos.

Mas eles ganharam força mesmo foi com o advento da guerra fria em 1947, com o início da militância anti-comunista. Surgiram vários pastores fundamentalistas nos meios de comunicação, direcionando os americanos na luta contra o “Império do Mal”, conforme gostava tanto de falar o ex-presidente americano George Bush, quando se referia ao Iraque.

Naquela época, apoiados por americanos endinheirados, os pastores fundamentalistas exerceram uma grande influência nas eleições americanas.

Com o término da guerra fria como os russos , os fundamentalistas americanos direcionaram suas baterias contra o aborto, contra a Emenda da Emancipação da mulher, contra os direitos dos homosexuais, e passaram a exigir a introdução da reza obrigatória nas escolas públicas.

Eles querem a preservação do mundo caipira, pois acham que o mesmo ainda não foi corrompido pela modernização urbana.

O presidente Ronald Reagan (1981-1989) deu todo o apoio a cognominada “Maioria Moral”, pois a mesma era muito útil na mobilização anticomunista.

Atualmente o presidente George Bush é o fundamentalista americano de plantão, que iniciou uma verdadeira guerra santa contra o fundamentalismo islâmico, que nunca deixou de existir, mas que só começou a ser notado a partir da revolução Xiita no Irã, em 1979.

Foi o movimento dos aiatolás que conseguiu mobilizar todas as energias islâmicas que estavam adormecidas pela presença da modernidade. Tal qual os fundamentalistas americanos, os islâmicos consideram como sua política básica o retorno às leis corânicas, ao espírito da leis das Sagradas Escrituras do profeta Maomé.

Para eles, os costumes ocidentais resultam da perversão.

A modernidade é o império de Satã, que utiliza instrumentos sedutores como a música, a bebida, as boas roupas, os automóveis caros, e tantas outras “tentações”, como uma maneira de contaminar a pureza dos verdadeiros muçulmanos.

De todas as formas de fundamentalismo hoje vigentes no mundo globalizado pelos norte-americanos, o fundamentalismo de mercado é o mais mesquinho.O fundamentalismo de mercado impõe seus valores a todos os povos. Economicamente ou financeiramente se possível, mas à bala se necessário.

O fundamentalismo de mercado é a total devoção ao comércio e sem nenhuma preocupação com o social.

Os americanos globalizaram o mundo, mas não reconhecem nada que seja contra a entrada de dinheiro no seu caixa. Quem pensa diferente deles nunca tem razão.

Outro dia, quando estava pensando no Wado Tigrão, me deparei com a seguinte notícia no jornal:

“A Polícia Federal, por ordem do FBI dos Estados Unidos, prendeu um muçulmano suspeito de participar do atentado ao World Trade Center. O acusado, Mohamed Hamad alega inocência, e diz que vive exclusivamente para a família. Ele deverá ser entregue a justiça americana, que diz ter provas irrefutáveis contra o terrorista.”

Fiquei frio, comecei a tremer. Lá estava a foto do Wado Tigrão, com sua barba negra, sua aparência sinistra, e sua aparência de Mohamed Hamad.

Estava terrível. Coitado do meu amigo muçulmano.


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

O SUCESSO DE UMA PAIXÃO


Emilio Santiago- Eu Sei Que Vou Te Amar (Ao Vivo) Show foi no Canecão (RJ) em 9 de março de 2005 , ( DVD O Melhor das Aquarelas)


Qual é o limite de uma Paixão? O que é uma Paixão, este sentimento avassalador que uma parte razoável da humanidade tem horror, e não pode nem ouvir falar? Porque isto acontece? Será que viver uma paixão é o fim do mundo? Paixão mata ou faz viver?

Quando falamos em Paixão, a primeira coisa que ouvimos como resposta, é alguém falar que ela é efêmera, e não resiste ao tempo. Dizem estes sábios estáticos, que só o amor é um sentimento digno e eficaz, o qual, segundo os que não acreditam em Paixão, é duradouro, produz calma, acomoda-se bem nas estruturas familiares, e encaixa-se suavemente no dia-a-dia do casal moderno.

Confundem o amor com um projeto vulgar de aposentadoria precoce das emoções humanas.

O tal amor calmo e tranquilo, vai surgindo com o tempo, e vagarosamente distribui gotinhas de prazer no coração desses amantes da vida familiar, que não estão a fim de arriscar absolutamente nada. Tudo muito certinho, nada fora do manual.

Pensando desta forma, eles tem razão, pois a Paixão não se ajusta em lugar nenhum, porque ela é uma espécie de onda violenta, que vai levando tudo pela frente, um maremoto dos sentidos, onde a alma e o corpo surfam na crista da onda do prazer.

Por outro lado, não adianta procurar a Paixão nua e crua, porque ela não existe desta forma. Quem fizer isto vai quebrar a cara, pois não vai encontrar nada, porque a Paixão é um sentimento que não existe sem o amor.

As pessoas que tem repulsa à Paixão, não percebem que ela precisa de um amor muito grande para poder sobreviver.

Talvez saibam disto, mas percebem que não têm amor bastante para ser colocado na fogueira das Paixões, e por isso criam uma espécie de "firewall" dentro de seus corações, a fim de impedir a entrada arrasadora de qualquer sentimento que não seja o puro e tranquilo amor.

Quando o amor não existe, a paixão nem começa. Muitos confundem a Paixão com o tesão puro e simples. Ela não é apenas a vontade de transar, fazer sexo, luxúria, prazer.

Paixão é uma mistura explosiva de todos os desejos que mexem com a cabeça de um homem e de uma mulher. No entanto, ela tem sempre que contar com os três elemento básicos, que são:

Paixão = Amor + Tesão !

Esta é a fórmula que leva homens e mulheres ao universo dos sentidos, mostrando que a vida precisa ser vivida com intensidade, onde todas as nossas sensações ficam a flor da pele, o prazer de amar nos consome o corpo todo, incendiando nossa alma, rasgando a nossa carne, transformando o ato de amar num momento de fé.

Quando mergulhamos numa Paixão, o que mais ouvimos são aquelas vozes do além, passivas e frias, gritarem para que todos ouçam: "Vão se perder e as suas forças vivas".

A coisa mais digna que existe no mundo, é um homem e uma mulher se entregarem à Paixão. Tudo parece girar mais rápido, o universo todo fica mais iluminado. Olhares elétricos, queimam os olhos dos amantes, incendeiam o coração, alteram o sistema nervoso, enchem nossos sentimentos de adrenalina pura.

Os movimentos ficam mais rápidos, mãos acariciam sem parar, lábios desfilam pela superficie da pele, corpos se colam violentamente. O suor brilha na epiderme, como se fosse cristal líquido. Os sexos se fundem, e se tornam um só. Gritos de prazer saem de dentro da alma, rasgando a carne de ponta a ponta, para festejar o orgasmo transcendental e carnal que invade o universo do prazer.

Alma e corpo se beijam loucamente, querendo transformar aquele momento numa eternidade possível.

Outro dia assisti uma peça de teatro, que conta a história de uma Paixão, louca e desenfreada, vivida por dois amantes na faixa dos 50 anos. A mulher, separada, nunca tinha sido tocada por uma Paixão. O homem, separado também, vinha de uma vida amorosa intensa, mas nunca tinha mergulhado em Paixão plena e total.

No primeiro ato, os dois se conhecem, conversam muito, mas a mulher sente receio de cair naquela conversa sedutora, pois o homem tem uma lista de aventuras amorosas intermináveis. Ela fica com medo de ser mais uma a se afundar naquela teia apaixonante. Refuga sempre.

No segundo ato, quando o homem fala que vai se encontrar com uma outra mulher, um sentimento de perda se apossa da mulher que fugia da Paixão, e ela marca um encontro com o sedutor apaixonado naquela mesma noite. Tem início uma paixão sem limites. A mulher descobre pela primeira vez, que é capaz de amar da forma mais intensa possível. O homem, se vê diante do que sempre procurou, uma Paixão explosiva, infinita, que aumenta cada vez mais. A separação momentânea é uma tragédia sem fim. Uma roda viva de loucura e prazer. Eles se amam desesperadamente. Rapidamente se casam. Os inimigos da Paixão, cochicham pelos cantos sombrios, que aquilo vai acabar rápido. Urubus que rondam a felicidade alheia, se sentem mal com a energia dos apaixonados. Corpo e alma dos amantes se lançam em busca de todos os prazeres que existem dentro da possibilidade humana.

No terceiro ato, uma emocionante surpresa nos aguarda, pois o mesmo é muito rápido. Ao som da musica ‘Unforgettable’, cantada por Dinah Washington, o casal de amantes entra no palco dançando maravilhosamente, flutuando de alegria, adoravelmente sorridentes, acariciando seus corpos, e entre beijos e sussurros, trocam palavras e gestos de amor, numa sinfonia interminável de vida e prazer.

Numa mesa encostada na parede, num lindo bolo com cobertura branca, está escrita a seguinte frase:

Parabéns ao casal pelos cinquenta anos de Paixão !


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

EU NÃO TENHO CIÚME


[Video com cenas de Ferraço(Dalton Vigh) literalmente enlouquecendo Maria Paula (Marjorie Estiano)...em todos os sentidos!!! Música:Beyonce - Crazy In Love(Louca de Amor)]

O ciúme é uma coisa bem complicada, que atrasa a vida dos ciumentos e dos que vivem por perto dele. Quase sempre leva à loucura, a pessoa que, consciente ou inconscientemente, provoca o ciúme.

Falam tanto de ciúme, mas acho que ninguém conseguiu descobrir porque ele existe na cabeça das pessoas.

O que se ouve mais falar é que ele nasce com a falta de segurança das pessoas. Homem e mulher, quando se acham incapazes de amar com a intensidade que eles mesmos definiram como ideal, começam a ter ciúmes de tudo e de todos, porque não conseguem atingir as metas estipuladas.

Existe o caso dos que conseguem cumprir os seus objetivos, inclusive indo muito além deles, mas o ciúme continua a existir.

Talvez seja a idéia de que a pessoa amada possa encontrar um parceiro que consiga suplantar as suas metas. Neste caso, o ciúme se transforma numa competição. Desavenças terríveis vão acontecendo enquanto o ciumento busca a superação dos seus próprios limites.

O ciúme nasce como que do nada.

Homem e mulher estão conversando alegremente, quando sem mais nem menos, o ciumento capta algo na conversa, que passaria completamente despercebido para os mortais não ciumentos.

A partir daí, ele começa a puxar o fio da linha, e o universo do homem e da mulher começa a se desfiar.

Os ciumentos são pessoas muito inteligentes, criativas, que costumam perceber bem as coisas.

Em matéria de ler as entrelinhas estão muito acima da média.

Eles conseguem perceber o que existe, o que não existe e o que está para existir. Chegam ao futuro muito mais rápido que qualquer vidente de renome.

No entanto, para alguns, o ciúme não é tão terrível assim. Ele tem que estar presente numa relação amorosa.

Conheço muitas pessoas que dizem em alto e bom som, que onde não existe ciúme não pode existir amor. "Se não tem ciúme de mim, não me ama".

A falta de ciúme por parte de um dos amantes, pode atiçar um ciúme descomunal no outro. "Se não tem ciúme é porque gosta de outra pessoa, e não se importa comigo".

Existem pessoas que são infiéis por natureza, e ao mesmo tempo tem um ciúme descomunal do parceiro. Acham que é impossível o outro também não ser infiel.

Outro dia encontrei um amigo que não via há muito tempo, e fiquei espantado com a história que o mesmo me contou. Quando sua mulher morreu, ele se viu perdido num mundo onde a sua companheira estava sempre presente. Um ano depois, andando pelo centro da sua cidade alegremente, ele se deparou com a mulher que tinha sido a melhor amiga de sua esposa. Se abraçaram, foram para uma lanchonete beber um suco, e começaram a conversar. O passado foi lembrado, assim como a falecida. Ele a convidou para jantar, e depois disso começaram a ser amantes.

Quando estava ainda com vida, sua mulher havia dito que ela seria a melhor companheira que ele podia arranjar depois da sua morte.

Passado um tempo, foram viver juntos. Os dois pareciam muito felizes. Tudo caminhava dentro de uma certa racionalidade.

Mas, eis que a partir de um certo dia, as coisas começaram a mudar. Toda manhã tinha uma encrenca, uma crise de ciúme da mulher, e o pivô era sempre a falecida. Inacreditavelmente era verdade. Ela dizia que o amante não parava de pensar na falecida.

Sem dúvida era uma situação mórbida. Ela tinha crises de choros e ataques histéricos, e se dizia muito inferior a amiga que morrera. Gritava que nunca conseguiria dar felicidade ao viúvo.

Enfim, a coisa chegou num ponto trágico, quando a mulher tentou o suicídio. O meu amigo ficou desnorteado, e depois de um certo tempo, apesar do tratamento, a mulher ficou completamente louca, e teve que ser internada.

Chegou a adotar o nome da amiga que morrera. O mesmo modo de falar e os cabelos iguais ao da falecida.

Enfim. enlouquecera, e tudo por causa do ciúme.

Semana passada fiz uma viagem de avião na ponte aérea Rio-São Paulo, e ao meu lado viajou um cara com seus quarenta anos mais ou menos. Ele murmurou a viagem toda, amassando um pedaço de papel, que de vez em quando abria e lia.

Quando estávamos chegando em São Paulo, não me contive e disse:

Gostei de ver a sua fé na oração.

E o cara respondeu:

- Não é oração não. É uma frase que repito o dia inteiro, para que eu não fique louco, e cometa uma besteira.

Dito isto, me mostrou o escrito no papel todo amarrotado:

- EU NÃO TENHO CIÚMES !



O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Robespierre, o Amigo que virou Amante exclusivo


Robespierre, Margaret e a belissima Três Praias, um dos locais mais belos de Guarapari. Ficam a 45 quilômetros de Vitória e a 3 quilômetros do Centro de Guarapari. As 3 praias são conhecidas como Primeira, Segunda e Terceira.

Robespierre conheceu Margaret por intermédio da filha, quando foi passar uns dias na casa dela, em Guarapari, na praia das Tres Praias, Espírito Santo. Ficou encantado com a beleza dos seus cabelos. Margaret, por sua vez, disse que Robespeierre tinha uns lindos olhos tesudamente verdes. Com o tempo, Robespierre iria descobrir que Margaret falava tudo o que vinha na sua mente. Ela não tinha filtro automático para controlar os absurdos que muitas vezes tomam conta de nossa cabeça. Tinha que pensar muito, e ela não gostava de perder tempo. Conforme ela sempre repetia: a fila anda. E isto servia para tudo. Desde fila de banco até a imensa fila de admiradores que possuia. Mas havia um detalhe que atrapalhava a maneira liberal de ser e viver de Margaret:

- Ela era casada !

Por coincidência, Robespierre alugou um apartamento na mesma rua de Margaret, que tinha uma linda casa com piscina na esquina da praia. Uma beleza de moradia. O marido de Margaret vivia em Sâo Paulo, onde tinha negócios, em companhia das filhas, que detestavam praia. Desta forma, tudo caminhava para deixar Margaret com toda a liberdade que precisava para aproveitar os prazeres que a vida lhe oferecia. Quando conheceu Robespierre ela disse:

- A fila parou em VOCÊ !

Robespierre lembrava sempre de uma frase que um amigo muito sarcástico sempre dizia quando dava a receita para a felicidade: "minta para mim que eu finjo ardorosamente que acredito". Mas robespierre acreditava mesmo em Margaret. Tinha uma amizade muito grande por ela. E Margaret também gostava dele. Uma Amizade sem limites. Incondicional. As pessoas mais próximas, que nunca tiveram uma grande amizade na vida, sussurravam maldosamente: "são dois irresponsáveis. Isto não vai dar certo."

Mas um belo dia a história começou a mudar !

O marido de Margaret chegou em Guarapari e foi logo avisando: não quero mais esse tal de Robespierre aqui dentro da minha casa. Margaret ponderou que ele era pai da sua amiga Luciana, e um grande Amigo dela. Não adiantou. O marido estava possuido por um ódio "imortal" do Robespierre. Sem dúvida nenhuma alguém havia inventado e contado muita coisa maldosa ao marido de Margaret.

Robespierre sentiu que a partir daquele momento ele era o foco central da fúria do marido de Margaret. Robespierre havia se transformado, na cabeça do marido, no bode espiatório de toda a vida íntima de Margaret. Qualquer deslize de Margaret, aos olhos do glorioso marido, o único envolvido na história seria um só: Robespierre !

E essa exclusividade começou a incomodar Robespierre ! Ele começou a se lembrar das palavras do seu advogado quando soube da sua Amizade com Margaret: "Beijo de mulher casada tem gosto de chumbo".

Robespierre tinha um quadro na casa que possuia na serra da Mantiqueira, com uma foto sua, e a seguinte legenda:

- VOLTEI ! ESTOU VIVO ! SOBREVIVI ! "Eu quero renascer sempre" Clarice Lispector.

Margaret disse para a sua amiga de todas as horas que o marido nunca fora de se incomodar com os amigos que tinha. Ela não entendia o ódio dele para com o Robespierre. Foi quando uma outra pessoa falou alegremente:

- "Isso é ótimo porque o Robespierre está se transformando no único problema para o teu marido, e para você. Todos os teus admiradores agora vão ter um único nome: Robespierre!"

E deram uma baita gargalhada !

Robespierre recebeu um telefonema de Margaret, perguntando se ele estava rodeando a casa dela o dia todo. Ele ficou espantado. "Tenho mais que fazer na vida, minha querida". E ela comentou que o marido disse que ele não parava de andar para cima e para baixo da rua, olhando para dentro da casa, e só podia estar procurando por ela.

Robespierre, para evitar confusão boba com o maridão de Margaret, passou a ir a praia afastado um pouco da saida da rua onde morava, para não ficar na frente da casa de Margaret. Ele não estava acostumado com dramalhões conjugais com os quais não tinha nada a ver. Era a primeira vez na vida que ele cerceava o seu próprio direito de ir e vir a qualquer lugar. Mas valia a pena, mesmo sendo uma causa fútil e imbecil.

Quando ele chegava na praia o marido de Margaret vinha para a parte da frente da casa e ficava olhando avidamente a "paisagem".

Quando Robespierre chegava na praia Margaret as vezes descia. Ele ficava de longe olhando para o mar. O marido, de longe, olhando para Robespierre. Todos olhavam alguém. Robespierre sabia que estava sendo olhado. Margaret bebia cerveja com a fiel escudeira. Robespierre começava a rir por dentro.

Era a cena mais ridícula que já acontecera em toda a sua vida !

Quando Robespierre chegou em casa de volta da praia, escreveu a seguinte mensagem para Margaret:

"EU me convenci de que nessa casa ai o único que me AMA é o teu marido. Ele está sempre atento e a minha espera. É perseverante. Fico emocionado. O tempo todo que fico soliariamente estirado ao SOL, olhando a água e o infinito, sinto que ele se preocupa com a minha solidão. Tenho certeza de que ele preferiria me ver com VOCÊ ! Tudo isto me causa muita emoção.

SER TEU AMIGO ESTA SE TORNANDO UMA PEÇA TEATRAL DE TENESSE WILLIAMS !!! Esse é aquele que escreveu a peça "GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE". Ele é o Nelson Rodrugues americano.

Beijo"

Toda Amizade, seja falsa ou verdadeira, sempre tem um preço muito alto a ser pago.



A próxima crônica sobre Robespierre será como ele se tornou um personagem de Agatha Christie.

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"EU TE AMO !"



Dinamarca, Serra de Cachoeira de Macacu, Friburgo, Provincia de Debossan, aresta vertiginosa da Loucura, mil graus negativos, mil graus positivos, 25 dezembro 2009.

E Hoje é Natal !

Que LINDO !

A neve não cai, ainda não chove, não venta, sem neblina, está sufocante, mas não faz calor.

Uma natureza Morta no interior da gente.

Com relação ao Natal, a minha reação, se é que tenho alguma, é que a data é como outra qualquer.

Just another day !

EU ODEIO NÃO GOSTAR !

Nasci para dizer sempre, para Tudo, e para Todos :

"EU TE AMO !"

Lembro de um problema que tive com uma professora no ginásio que riscava minha prova de vermelho porque eu escrevia as palavras AMOR, PAIXÃO, MARAVILHOSA, etc sempre em maiusculas.

Certa dia ela me chamou para o quadro e disse :

"Senhor Wilson , escreva na pedra: Você é um amor !"

Eu olhei para os 40 colegas da classe, todos me olhavam , e percebi que todos pediam :

"ESCREVA COM MAIUSCULA !"

Viirei para o quadro negro e escrevi:

"VOCÊ É UM AMOR !"

E a prrofessora disse:

"Ponha-se para fora da minha aula, seu insolente !"

INACREDITÁVEL !

Toda a classe bateu PALMA !

Ela chamou o diretor !

Fim do ano, na véspera do Natal, fui convidado a sair da Escola.

"FELIZ NATAL !"


"BOM DIA DEBOSSAN, EU TE AMO"

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

SUPLÍCIO DE UMA SAUDADE


"SUPLICIO DE UMA SAUDADE" (Love is a many-splendored thing), é um filme que nos conta a historia de uma grande paixão e uma grande Saudade.

Afinal de contas, o que é saudade ?

"Saudade, tormento de paixão, emoção diferente que aniquila a vida da gente..." chorava a letra de uma música no século passado.

Será que saudade é isto mesmo ?

Acho que não é bem assim, mas também não sei direito o que seja, porque tenho a suave sensação de que esta palavra não pode ser definida, pois ela é pura emoção, cuja dimensão está ligada ao amor que sentimos pela pessoa que vai se afastar do nosso espaço, por uma determinada quantidade de tempo.

É exatamente neste momento, que podemos ter uma leve noção do tamanho do amor que temos no coração.

Quando estamos apaixonados, deitados ao lado do nosso amor, com a paixão girando a mil dentro de nós, e a pessoa amada se levanta da cama para ir à cozinha, temos a sensação de que a mesma vai começar uma viagem sem volta. Seguramos suas mãos, puxamos, beijamos, abraçamos, imploramos para que ela não demore, não nos esqueça, e volte logo.

A imagem que temos da pessoa apaixonada saindo pela porta, entrando no corredor, acenando e deixando um beijo, é como se ela estivesse embarcando num foguete interplanetário, rumo ao desconhecido.

Alguns filósofos disseram, ou dizem, sei lá (eles me parecem estar sempre querendo a eternidade), que a saudade não existe, quando nós, pobres humanos românticos, queremos ligá-la a alguém, com quem vivemos algumas ocasiões mágicas de nossas vidas, as quais nos levaram a uma espécie de eternidade adquirida.

Dizem eles que não podemos sentir saudade de um momento que foi eternizado, porque ele nunca se afasta de nós, está sempre jogado ali a nossa frente, logo, nunca vai existir saudade.

Muito correto,objetivo e lógico este pensamento !

Só que os lógicos se esqueceram que não pode existir lógica num amor que não tenha o sentimento da saudade.

Nunca, em tempo algum, poderemos assistir, complacentemente, a partida do nosso amor para longe de nós, e, calmamente, ficarmos imaginando que por ser eterno, nunca sentiremos saudades.

Amor sem saudade é o mesmo que corpo sem espírito.

A saudade no mundo real parece nos cortar a carne.

No mundo virtual, quando encontramos um amor, e passamos a teclar diariamente com ele, ouvimos a sua voz ao telefone, nos aproximando cada vez mais, telefone e computador passam a ser as referências da distância.

Um dos amantes mora no norte, o outro no sul. Quando eles saem de suas casas, ao invés de pensarem que os amados estão nas suas cidades longínquas, eles simplesmente colocam as pessoas "morando" em suas casas, afastando assim a implacável distância.

E neste fantástico mundo virtual, acontece o seguinte diálogo na tela do computador, que pode ser feito pelo MSN:

- Oi Amor...cheguei !

- WOW ! Estava louco de saudade !

- Vou tomar banho..me espera ?

- Sempre estarei a sua espera, meu Amor !

Um pode estar em Porto Alegre, o outro em Manaus. Mas os amantes criaram a sensação de que moram juntos. Ao se conectarem pelo MSN, é como estivessem tocando a campainha de suas casas.

Nestas circunstâncias, eles acabaram com a distância real, diminuindo o tormento e a agonia de uma saudade.

A distância no espaço, só existe para os frígidos, aqueles que só entendem a separação quando se lhes fala por metragem. Estes não sentem saudade.

Em alguns momentos, a saudade surge avassaladora, como uma enorme onda, derrubando tudo dentro da gente. Não sobra nada. Nos deixa liquidados, loucos para encontrar de novo o nosso amor, a nossa paixão.

Enfim, vejam o trecho de um email que um apaixonado enviou para a sua amada:

"Ah... Se eu pudesse explicar essa vontade de estar com você...Só posso me contentar com os meus sonhos e que a espera chegue ao fim. Mesmo de longe, me sinto perto de você. Me pergunto se é certo penetrar num virtual tão profundo... A vontade de estar perto de você...e acabamos de nos desconectar às sete e pouco da manhã..."


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

"SUPLICIO DE UMA SAUDADE" (Love is a many-splendored thing), é um filme que nos conta a historia de uma grande paixão e uma grande Saudade.
[LEIA A SINOPSE DO FILME & OUÇA A MÚSICA]

sábado, 7 de novembro de 2009

"O ONBUS INFERNAL DA 1001"



"No dia 03 de novembro de 2009, vindo de Nova Friburgo pela Autoviação 1001, saltei em Niteroi para fazer a conexão que me levaria para São Pedro da Aldeia. Já havia comprado a passagem para o horário das 14:01 H. O onibus só apareceu lá pelas 14:15 H.

Bom, atraso de 15 minutos nas plataformas da 1001 é coisa pouca. Todos entraram, e o motorista M. Garcia, dirigindo o carro RJ-108108, começou a viagem infernal para Arraial do Cabo, que seria o ponto final do carro. Com 10 minutos de viagem os passageiros começaram a notar o calor dentro do onibus de janelas vedadas. Um falou alto pedindo para aumentar o ar ondicionado. Outro perguntou se o ar estava funcionando. Eu perguntei e o motorista disse que não estava funcionando.

Foi ai que lembrei do dia 11 de fevereiro de 2002. Parecia uma volta infernal ao passado. Naquele dia, o ônibus de número RJ-108164, horário 18:15, Castelo-Rio, que ia para Nova-Friburgo, protagonizou uma história semelhante. Ele saiu da Rodoviaria com o ar-condicionado quebrado.

Sete anos atrás ! Era inacreditável, mas era mais uma história de horror que acontecia na Autoviação 1001. O total desleixo e pouco caso com a vida humana se repetiam.

Este é o retrato das companhias de transporte que operam no Brasil.

Quando eu ia pegar o meu celular e ligar para a Autoviação 1001, um passageiro avisou que já havia feito, e haviam lhe falado que a troca de onibus levaria umas tres horas. Notem que o onibus já saiu da rodoviaria com defeito, tanto assim que o motorista nem se deu ao trabalho de ligar o ar condicionado para eviatar que a temperatura saisse no painel.

Má fé total e absoluta !

Como havia crianças pequenas os passageiros resolveram seguir viagem. O motorista parou no ponto de Manilha, local onde eu soltei tambem para ver os acontecimentos, protestar e dizer que estava filmando tudo aquilo. Os funcionários da 1001 confirmaram que um outro onbus iria demorar de duas a tres horas. Chantagem acintosa contra os passageiros. Assim sendo, com os passageiros revoltados e humilhados na sua diginidade, seguimos viagem.

Saltei em Sâo Pedro da Aldeia.

Na rodoviária local, pedi o livro de ocorrências no guichê da 1001, para registrar o fato. Depois de varios cochiços fui informado que não existia livro de ocorrência no local. Me deram um papel carta, desses que são colocados nos onibus para que os passageiros percam o seu tempo colocando reclamações que ficam sem nenhuma comprovação de que foram feitas.

Enganação pura.

Depois de me sentir um perfeito palhaço ao escrever a minha reclamação, entreguei o papel ao funcionario que o jogou no canto do balcão. Desta forma, sentindo toda a dor de ser um cidadão sem nenhum direito de cidadania, fui para o meu destino lá em São Pedro da Aldeia, certo que vivia num país onde as empersas de transporte não tem a mínima consideração e respeito com os seus usuários.

A lagoa de Araruama estava Linda. O SOL estava lindo."


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)


Guichê da Autoviação 1001, em São Pedro da Aldeia, e o papel de reclamação de ocorrências, que, segundo a 1001, substitui o LIVRO DE OCORRÊNCIAS.

A crônica abaixo escrevi em 12 de janeiro de 2002 sobre o acontecido num onibus da Autoviação 1001. O enrêdo, embora tenha um desfecho bem diferente, foi a mesma falta de respeito para com os passageiros.


"Use o seu Celular para fazer reclamações

Eu detestava telefone celular, mas, atualmente, estou convencido que esse negócio é a maior invenção de todos os tempos. A popularização do mesmo me deixou alegre.

Qualquer brasileiro que não esteja naquela faixa dos trinta e dois milhões de miseráveis que não tem o que comer pode comprar. O pobre que não seja miserável pode ter um, pois é só comprar créditos telefônicos quando tiver algum dinheiro sobrando. Como nunca sobra, ele terá que comer menos, ou quase nada, durante uma semana, e desta forma ele poderá comprar um cartão de dez reais.

Mas o pobre em geral só recebe chamadas, porque ele economiza as ligações, reservando os seus créditos para as emergências que surgem no seu dia a dia. Como rico não "liga" para pobre, e quando aparecem aquelas tais emergências o pobre não tem para quem ligar, ele fala muito pouco no celular.

O celular tem uma grande vantagem para o pobre, porque faz bem para o seu ego portar um na cintura e, a qualquer hora, ele pode telefonar para quem quiser, mesmo sabendo que ninguém gosta de atende-lo, inclusive se do outro lado da linha estiver outro pobre que sempre esta esperando receber a chamada de um rico.

O pobre poderia usar o celular para reclamar, porque na maioria dos números de atendimentos ao cliente a ligação é gratuita. Então vamos fazer um movimento para tornar o celular um objeto útil para a sociedade.

O telefone móvel, conhecido aqui no Brasil como "celular", pois brasileiro adora ser diferente do europeu, mas é "crazy" para copiar o americano, às vezes é realmente muito útil.

Sexta-feira passada, 11 de Janeiro de 2002, na mini rodoviária que fica no centro do Rio de Janeiro, num lugar chamado Castelo, perto do Aeroporto Santos Dumont, como sempre faço nos finais de semana, fui comprar a minha passagem.

Como o "frescão" (ônibus com ar condicionado) já estava cheio, resolvi comprar passagem para o "convencional" (sem ar condicionado), que sai as 18:15 h. Como sempre faço, sentei-me num dos bancos de espera, sob um calor escaldante, pois o local fica como que no subsolo de um edifício-garagem chamado Terminal Rodoviário Menezes Cortes.

Fui logo cercado pelos pivetes da área, que reclamaram por eu ter chegado em cima da hora de viajar, pois eles adoram ouvir as minhas histórias. Interessante é que os meus casos amorosos eu só conto para eles. Já me chamaram para ir visitá-los no lugar onde moram, que é no subsolo de uma rua no centro do Rio, e eu sempre falo para eles que vou lá no inverno. Após o rápido bate papo, fui para o ônibus. O motorista, já conhecido, ficou com o canhoto da passagem e entrei. O trânsito estava um engarrafamento só.

O meu celular tocou quando estava colocando a pasta no bagageiro que fica dentro do ônibus. Era um cara de Manaus exigindo que eu parasse de ligar para a mulher dele. Ponderei que morava no Rio, e o sujeito disse que sabia, mas que não entendia porque eu com tantas mulheres gostosas aqui telefonava para a merda da mulher dele lá. Falei que não era eu que ligava, e tudo deveria ser um grande equivoco, ou um clone do meu numero do telefone. Ele ameaçou me matar e desligou.

Logo depois do ônibus sair do terminal em direção à Nova Friburgo, olhei para o relógio do ar condicionado no painel do motorista que marcava 27 graus. Um calor infernal, e abafado.

Conforme disse, havia comprado passagem para o convencional, mas colocaram um com ar condicionado que tem as janelas vedadas. Tudo fechado. Não entrava ar nenhum, a não ser pela tubulação.

O motorista só havia ligado a circulação do ar, que saia pelos tubos que ficam em cima das poltronas, mais parecendo o vapor que sai do bico de uma chaleira de água fervendo.

Levantei-me, e fui pedir ao motorista para que ligasse o ar condicionado, pois como o ônibus não tinha janelas para serem abertas, o calor estava insuportável, e dentro em pouco alguns estariam passando mal, pois a temperatura interna tenderia a aumentar. Mesmo naquela hora, o calor nas ruas do rio ainda era sufocante. O motorista tentou ligar o ar, e falou:

- Não está funcionando.

- Então vamos ter que dar um jeito nisto, porque senão muita gente vai passar mal aqui dentro.

Nenhuma resposta. O visor da temperatura marcava 29 graus.

Fui para a minha poltrona, olhei o numero de atendimento ao cliente que eles são obrigados a ter em local visível.

Auto Viação 1001 - 0300 313 1001

Disquei.

Uma voz supersimpática atendeu.

- Boa noite, Claudia, em que posso servi-lo?

Narrei para a nossa adorável recepcionista o que estava acontecendo a bordo do ônibus de número RJ-108164, horário 18:15, Castelo-Rio, e disse que iria também ligar para a Policia Rodoviária Federal na ponte rio Niterói e para o jornal "O Globo". Ela ficou espantada com o que eu narrava, e disse que ia comunicar o ocorrido à supervisão da empresa. Pediu o numero do meu telefone celular e o meu nome completo.

Na saída da ponte Rio-Niterói o ônibus foi interceptado, e direcionado para uma das garagens da empresa 1001 que fica em Niterói. O forno ambulante foi trocado por um ônibus muito bem refrigerado. E todos seguimos a viagem muito satisfeitos.

Disto tudo tenho que comentar o seguinte:

A maioria dos passageiros tinha telefone celular, mas nenhum deles pensou em ligar para fazer a sua reclamação, e ninguém se dirigiu ao motorista para perguntar porque ele não ligava o ar condicionado.

Serei mais homem que os que lá estavam? Não! Esta não é a questão. O fato é que o brasileiro, que nunca foi muito chegado a protesto, desaprendeu totalmente de faze-lo durante o tempo em que fomos encurralados pela ditadura militar que nos desgraçou durante 25 anos.

O regime militar despolitizou o povo, amordaçou os formadores de opinião, prendeu e torturou os contestadores, idiotizou parte da geração que surgia, e, assim sendo, no inicio dos anos 90 entregou ao Brasil um rebanho de cordeiros.

O poder foi entregue na mão das elites, a mídia se juntou por inteiro para apoiar este processo, e o rebanho todo vota em quem os poderosos querem.

Pobres não votam em pobres, votam em ricos.

O patrimônio nacional é sucateado e dado de presente aos grupos estrangeiros que aqui aportam. O trabalhador vai perdendo os seus direitos, e o cabo Anselmo que está na presidência da república vive sorrindo lépido e fagueiro.

Os pobres pagam mais imposto de renda do que os ricos.

E ninguém protesta, nem pensa em pegar o celular e ligar para o Palácio do Planalto, ou algum serviço de reclamação de qualquer ministério e órgão público, e dizer que a vida aqui no Brasil está insuportável e sufocante, e só tende a piorar.

Gente, não deixem que "nuestros hermanos de las Americas" comecem a espalhar por aí que somos "una república de bananas", literalmente falando."


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"O SUSSURRO DE UMA PAIXÃO"


"Manhã Chuvosa, Nebulosa, Chatosa, Pardacentosa, uma AntiAlegria Intravenosa que rodopia na Gulosa Alma Venosa, e baila Sedentosa e Raivosa, na Líbido Matinosa, tentando espantar da minha mente Pecaminosa, as delicias Radiosas e Gostosas, que rasgam a minha carne Enlouquecida pela Luz Tesudicosa que explode dentro de VOCÊ."

No meio de toda aquela neblina, escutei a Minha Paixão sussurrar:

- Estou te esperando ... tô dodoi !

Pois é !

Você está dodoi e eu tô doido !

No fim é tudo a mesma coisa, porque dizem que o doido nada mais é que uma pessoa que está dodoi.

Mas será que é isso mesmo?

Eu acho que não !

Se ifosse verdade eu não teria escrito quando tinha 15 anos de idade:

- "Fora da loucura não há salvação".

Será que naquela época eu já estava doido?

Até onde eu sei foi a coisa mais Linda que escrevi em toda a minha vida. Acho que foi o único pesamento profundo que escrevi, e não esqueci.

Mas o teu dodoi tem algo a ver com a doidice?

Você está doida?

Acho que não !

Mesmo se você estivesse doida, não admitiria.

Como eu faço!

Mas assim procedo porque eu sou o único doido lúcido que eu conheço.

Neste ponto surge o contradiório: se eu sou lúcido, não estou doido, assim dizem os técnicos no assunto.

Há milhões de anos luz os fariseus separaram a lucidez da doidice.

Não tem jeito.

Doido não é lúcido, gritam os fanáticos da lucidez.

Entretanto, eles dizem que o amor entre doidos é um ato de lucidez.

Mas quando os doidos apaixonados mergulham na Paixão alucinada, é sinal que perderam a lucidez do amor lúcido.

Por isso, eu estou sempre dodoi, porque a Paixão está sempre dentro de mim.

Mas agora surge o nosso problema:

- Você está dodoi porque está Apaixonada por um doido? Ou está dodoi porque não está doida e não quer se apaixonar por um doido?

Eu sou doido de carteirinha, meu Amor!

Estou Apaixonado por VOCÊ !


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Para o bem da humanidade, Apaixonem-se


"Quando lançado em 1958, o filme "Les Amants" causou muita polêmica entre setores conservadores da sociedade e a fúria da Igreja Católica em todo mundo. A obra de Louis Malle teve problemas para ser exibido em vários países, dentre os quais a França, Estados Unidos da América e o Brasil. Jeanne Moreau, que estrelara "Ascensor para o Cadafalso", do mesmo diretor, novamente foi a musa desta ousada obra de Malle. A atuação da estrela do cinema francês escandalizou seu país. Ligeira descrição do filme: Jeanne Tournier (Jeanne Moureau), 30 anos, é a esposa de um diretor de jornal de Dijon, Henri Tournier. Jeanne deixa a filha com uma babá e vai a Paris. Lá conhece Raoul (José-Luis de Villalonga), de quem se torna amante."

Quando estamos apaixonados a nossa sensibilidade aumenta. O nosso interior se ilumina. Ficamos equilibrados na aresta vertiginosa da Felicidade possível. Percebemos que fora da paixão não há salvação.

Será que ficamos apaixonados porque a nossa sensibilidade penetra no universo de uma loucura Apaixonante?

Alguns vão achar que é uma dúvida sem importância, e que ninguém deve perder muito tempo com ela, e nem procurar uma resposta. Eu acho que é algo muito importante, e diria até que é um caso de segurança mundial. Tenho certeza que a falta ou não da Paixão e da sensibilidade, no coração dos homens que governam e legislam os países do mundo, pode mudar o destino dos povos.

O ser humano apaixonado é outro, alegre e sorridente, coração a mil por minuto, bem diferente daquele que está sem Paixão nenhuma, carrancudo e de mal com toda a humanidade.

O pior é quando um homem está desapaixonado simplesmente porque dentro de si não existe a sensibilidade necessária para perceber que a sua Paixão chegou. O Amor está ali a sua frente, bailando aos seus olhos, alegre e sorridente, e a frieza de sua alma não consegue fazer o seu coração sair da letargia e da frieza em que se encontra.

Se este homem exerce o poder em alguma parte do planeta, ele será um governante cheio de ódio e rancor. Não terá a mínima capacidade de pensar e sentir alguma coisa pelo seu povo. As pessoas nada mais serão do que números de estatísticas, encaixadas numa gelada planilha de custo/benefício. A Paixão será considerada um ato terrorista.

A Paixão, quando existe dentro de nós, sustenta qualquer relação de amor. Ela está presente 24 horas por dia. Não dorme. Sempre atenta, esquenta a alma dos apaixonados, acelera o ritmo dos seus corações.

E a coisa mais bonita do mundo é uma relação de amor recheada pela Paixão. Os amantes, mesmo não dormindo juntos, "estão juntos" no sono, colados, de mãos dadas, apertados e enlaçados. A Paixão consegue acabar com a noção de distância, trazer o "corpo" da pessoa amada para junto de nós. Ao acordar, fechamos os olhos, e sussurramos no ouvido de nossa paixão:

"Eu te amo !"

Logo depois disto, o telefone toca e uma voz sussurra:

"Eu também te amo !"

Tenho escrito muito sobre a "Paixão". Todos deveriam escrever "Paixão" com letra maiúscula, tal qual a Paixão de Cristo. Todo o dia eu escrevo alguma coisa sobre o Amor Apaixonado.

Sou da opinião que, se você não repetir bastante alguma coisa Linda e Apaixonante que você escreveu, ou falou, isto será apenas lembrado pelas paredes do lugar onde você o criou.

Para os que ainda não sabem muito bem o que é Paixão, aí vai alguma coisa que eu já escrevi tempos atrás, e deve ser repetida:

"Paixão é a mistura explosiva de todos os desejos que mexem com a cabeça de um homem e de uma mulher."

A paixão tem sempre que contar com três elementos básicos, que são:

Paixão = Amor +Tesão.

Esta é a fórmula que leva homens e mulheres ao universo dos sentidos, mostrando que a vida precisa ser vivida com intensidade, onde todas as nossas sensações ficam a flor da pele, o prazer de amar nos consome o corpo todo, incendiando nossa alma, rasgando nossa carne, transformando o ato de Amor num momento de fé.

Quando mergulhamos numa paixão, o que mais ouvimos são aquelas vozes do além, passivas e frias, gritarem diabolicamente:

- Vão se perder e as suas forças vivas !

A coisa mais digna que existe no mundo é um homem e uma mulher se entregarem à Paixão. Tudo parece girar mais rápido, o universo todo fica mais iluminado. Olhares elétricos queimam os olhos dos amantes, incendeiam o coração, alteram o sistema nervoso, enchem o universo dos sentidos de adrenalina pura.

Os movimentos ficam mais rápidos, mãos acariciam sem parar, lábios desfilam pela superfície da pele, corpos se colam violentamente. O suor brilha na epiderme, como se fosse cristal líquido. Os sexos se fundem, e se tornam um só. Gritos de prazer saem de dentro da alma, rasgando a carne de ponta a ponta, para festejar o orgasmo transcendental e carnal que invade o paraiso do prazer.

Alma e corpo se beijam loucamente, querendo transformar aquele momento numa eternidade possível.

Para o bem da humanidade, estejam sempre Apaixonados !



O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor.

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

VOCÊ



"VOCÊ

Na densidão da neblina
ver Você
estender a mão
tocar Você
olhar teus olhos
entender Você
sentir tua pele
acariciar Você
fechar os olhos
lembrar Você
abraçar teu corpo
amar Você
quando estou longe
sentir saudade de Você."

[wgparker, 19/10/09]

O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

domingo, 11 de outubro de 2009

Uma Sabiá no vidro da minha janela


"Era uma Sabiá, aloirada, listras marrons, topete vistoso, olhos negros, elétricos, mas tristes. Ela se apoiava num vaso colocado no parapeito da janela, e bicava com força o vidro, passando a idéia que estava furiosa."

Tempos atrás, quando estava dormindo, enroscado num daqueles terríveis pesadelos, que às vêzes tomam conta da gente, acordei com o barulho de alguma coisa se debatendo no vidro que fica numa das janelas da minha casa na serra de Friburgo.

Uma zoeira inquietante.

Curioso, e já agradecendo o estranho hóspede por tirar-me do fundo do poço onde estava, perigosamente equilibrado na aresta vertiginosa que fica entre a vida e a morte virtual dos nossos pesadelos, levantei, e, curioso, fui ver quem seria o barulhento visitante.

Era uma Sabiá, aloirada, listras marrons, topete vistoso, olhos negros, elétricos, mas tristes. Ela se apoiava num vaso colocado no parapeito da janela, e bicava com força o vidro, passando a idéia que estava furiosa.

No princípio não me aproximei muito da janela para não espanta-la. Ela aolhava para cima, para os lados, e, subitamente, voava.

Eu não estava entendendo nada!

"Logicamente ela quer entrar", pensei.

Quando fui em direção à janela, ela voou para o galho de uma árvore em frente. Estava frio. Uma neblina tomava conta da manhã seca. O rócio ainda parecia cochilar nas folhagens. O silêncio cortava mais que o frio, parecendo o fio de uma navalha acariciando a nossa alma.

Os olhos da Sabiá estavam cravados em mim.

Senti um tremor estranho. Alguma coisa esmagava o meu peito. Era aquela dor angustiante que sentimos, quando perdemos alguém que amamos. Ela nunca avisa que vai chegar, sempre aparece subitamente, em qualquer situação ou lugar. Não importa se o céu está azul, os raios de Sol brilhando alegremente, a vida seguindo o seu curso normal, pois se a dor de uma paixão perdida surgir dentro de nós, ela o fará de forma cruel e total.

Os olhos daquela Sabiá me incomodavam.

Deixei a janela aberta para que ela entrasse.

Mas qual não foi a minha surpresa, quando ouvi mais tarde o mesmo barulho nos vidros. Mesmo com a janela aberta, ela continuava a bicar o vidro, numa bateção infernal.

Descobri que ela não queria entrar.

Dias depois, quando fazia a minha caminhada por uma trilha coberta de árvores, parei numa fonte para beber um gole d’água.

Quando terminei, senti que estava sendo observado. Olhei para os lados, nada. Mas, quando levantei a cabeça para olhar o Sol, lá estava a Sabiá da janela, firme e imponente, equilibrada no galho seco de um eucalipto.

Seu olhar estava calmo, diferente do primeiro dia em que a ví. Seus olhos pareciam tristes, mas sorriam.

Lembrei-me do livro de Françoise Sagan, "Bom dia, Tristeza".

Falei um "oi".

Não se moveu. Apenas me olhava. Voltei para casa.

Um plano maquiavélico invadiu a minha cabeça. Iria pegar aquela Sabiá com um alçapão. Dentro dele, como chamariz, colocaria "waffles’, aquela panqueca canadense. Os pardais adoravam aquela massa.

No amanhecer do dia seguinte, quando ouvi o barulho no vidro, fui até a janela, e coloquei a armadilha com os pedaços de "waffles" dentro. Voltei para dormir.

Um enorme pesadelo me acordou . Suava frio.

Quando bebia um café, escutei o pio dilacerante de uma ave. Gelei. Lembrei da armadilha.

"Meu deus! Ela caiu lá dentro."

Corri para a janela, e lá estava ela atrás das grades. Peguei o alçapão, e levei para a mesa da sala de jantar.

Olhos espantados, olhava para mim, parecendo ainda não estar entendendo nada. E foi então que eu lí o seu olhar pela primeira vez. Ela me perguntou:

"Consegue ler o meu olhar ?"

"Sim", respondí.

O emocionante mundo virtual havia me levado à loucura. Falar com uma Sabiá era o ponto mais alto que eu poderia ter chegado. Precisava urgente destruir o meu computador.

"Eu sou a nicka que você largou, dizendo que não saberia viver com a mulher que mais estava amando em toda a sua vida."

"Você é a {paSSarinha_sorridente} ?"

"Agora sou a {paSSarinha_triste}."

"E você pode virar mulher novamente ?"

"Posso..mas não aqui...só quando voltar para o meu computador."

"Tente aqui ... por favor."

"Não posso! Continuo com os mesmos problemas...sou prisioneira do meu computador. E quando estou lá, sinto muito a tua falta. Você me dá ânimo para que eu continue vivendo,e voando no mundo Real. Fiquei muito triste por me ter deixado."

"Eu não deixei você...apenas saí da tua vida. Aliás, porque caiu no alçapão, se sabia que iria ficar prisioneira ?"

"Eu adoro ‘waffles’, lembra-se ?"

"Eu não sabia que era você."

"Mas você sabe que toda passarinha adora ‘waffles’", disse ela sorrindo, com os olhos elétricos.

Eu estava triste, mas dei um sorriso.

"Vou solta-la, mas antes queria te acariciar, sentir a suavidade do seu corpo. Estou tenso. Você é maravilhosa."

Coloquei-a na palma da mão, ela me olhava, uma lágrima escorregou pelos seus olhos, me deu um beijo, e disse:

"Vou embora, mas foi muito bom sentir as tuas mãos em cima de mim. Nunca esquecerei. Você é o sopro da minha vida. Sabe o que eu mais gostaria que acontecesse?"

"O que ?"

"Ao chegar lá no meu computador, encontrar um e-mail teu, com as seguintes palavras..."

E com os olhos mais lindos do mundo, completou:

"- EU TE AMO ! Quero ficar com você para sempre."


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A infidelidade eletrônica a serviço da estabilidade familiar


"Feito em Casa" é uma série de vídeos produzida nas comunidades COEP do semiárido que leva o Brasil até você. Neste episódio ouvimos Josias e seu companheiro cantando a toada "Mulher Casada" ,no assentamento Frei Damião, em Alagoas. "Quem ama mulher casada/ É sofredor e suspeito/ Eu digo porque tem uma / Que mora aqui no meupeito/ Tentei esquecer dela / Mais me apaixonei por ela/ E agora não tem mais jeito"

"Lucas fazia parte da seleção canarinho dos desempregados. Trabalhara numa multinacional durante vinte e dois anos, e um belo dia, quando chegou no emprego, encontrou uma cartinha sôbre a mesa, convidando-o à dar um pulo no departamento de Recursos Humanos. Estava despedido.

Recebeu a indenização, montou um negócio, mas não deu certo. O dinheiro só saia. Era ele, a mulher e o filho. Foi viver com a mãe, que tinha um belo apartamento de andar inteiro no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro.

Aos cinquenta anos era difícil arranjar emprêgo. Ademais, ele não estava com a mínima vontade de trabalhar. A mulher também estava desempregada.

A mãe do Lucas, Dona Carmem, bancava tudo com a bela pensão que o marido, um general, lhe deixára. Também tinha outras fontes de rendas, fruto de pequenas falcatruas que o general havia realizado no tempo em que caçava comunistas.

Enfurnado dentro de casa, o passatempo de Lucas era ver televisão, enquanto a sua esposa, Margarida, passava o dia na Internet, onde era operadora de um canal de batepapo no IRC, que tinha o nome de #RecantoSedutor. Era Founderr, autoridade máxima dentro de um canal no IRC. Fazia e desfazia. Kicava e bania. Era a toda poderosa. Sentia muito orgulho de ter aquele poder nas mãos.

Seu nickname era ^Marga_Louca^.

Ela mantinha um romance virtual com um cara, também casado, que morava em Manaus, mas não queria encontra-lo no mundo real. Ela não dormia. De madrugada, se contorcia de prazer em frente ao micro, lendo o que o amante teclava lá do norte. Quando não dava mais para segurar, o cara ligava, e os amantes partiam para a etapa do “voice-sex” pelo telefone. Faltava uma camara, mas isto era muito arriscado. Terminada a sessão com o amante, era hora da ^Marga_Louca^ procurar o marido Lucas. Nestas horas, como era bom, e prático, ter um marido compreensivo e liberado, sem grilos.

Na "realidade", era fiel ao seu marido Lucas, que dividia a televisão da sala com a mãe. O aparelho tinha 29 polegadas. Uma bela imagem, um ótimo som. A dona da casa tinha o poder do terrível contrôle remoto. Viam a TV popular e a TV por assinatura. Quando a mãe dormia, Lucas se apossava do contrôle, e começava a ver o que tinha nos canais da TV paga.

A empregada Maria de Lourdes, quando acabava os seus afazeres, refestelava-se na poltrona da sala. Tinha quarenta anos de casa. Aposentada, tinha dois apartamentos alugados, que lhe davam uma renda razoável. Vivia emprestando dinheiro para o Lucas. Era madrinha do filho dele, o Carlito, que eventualmente aparecia na sala.

Certo dia, Lucas clicou o canal "USA" 45 e lá estava um filme que parecia ser interessante, mas o filho logo disse: "Já vi este filme, "Os Filhos de Kate Elder", já passou na Globo, e dublado".

Ao que Lucas revidou: "Mas se já passou na Globo, porque é que aqui o filme é falado em inglês, e sem legenda?"

O garoto, que tinha 16 anos, e se dizia um anarquista com tendências socialistas e terroristas, falou: "Sacanagem pura velho. Esta porcaria aí é feita para as elites", e arrematou : "Quer ver como tem uma porção de canais só em inglês?". Olha aí : "O 46 - Cartoon, com o Gato Felix e As aventuras de Tiny, tudo falado em inglês; o 47, TNT, outro aonde os filmes são em inglês; o World Net, 49, em inglês; o ECO50, Noticias de Espanha é em espanhol; o People&Arts -43, também tem quase tudo em inglês; CNT - 33, inglês, e por aí vai. Enganação pura.".

A Maria de Lourdes achava aquilo um absurdo. Parecia até que ela estava nos Estados Unidos. "Eles deveriam fazer uma propaganda tipo - vá ao primeiro mundo sem sair da sua sala" falou Lucas. "Mas o que eles fazem, quando anunciam estes canais por assinatura, é uma propaganda enganosa; deveriam explicar que seria necessário que o futuro assinante, pelo menos, entendesse o inglês", falou Carlito.

Mas os comerciais são em portugês, fala a mãe, que acabára de acordar. "Lógico, pois na hora do dinheiro, eles lembram que estão transmitindo para um país de lingua portuguesa; mas olhe só este canal 44, o AXN; de trinta em trinta segundos eles repetem a mesma coisa, escute só : ", o seu canal de ação". Eles não falam .

Pô, não dá pra aguentar". E arrematou :"Burro é quem assina esta bosta!" É melhor ver a Ana Maria Braga, e as outras baboseiras da TV popular.

"É por isto que eu só gosto de novela da TV Globo", diz Maria de Lourdes, se levantando, e indo para a cozinha preparar um lanche para todos.

"Bem mesmo faz a minha mãe, que passa o tempo todo no IRC, jogando conversa fóra durante o dia, e namorando à noite", disse o Carlito.

Lucas olhou para o filho, deu um sorriso bem moderno, e falou:

- Enquanto for virtual, tudo bem! Aliás, é até bom, porque quando ela vai prá cama, ela se transforma numa mulher formidável, quer fazer tudo, fica louca por causa da pilha que o cara bota nela.

- É ! O senhor realmente é um côrno eletrônico, disse o filho.

Ao que Lucas respondeu :

- Meu filho, quem não se adaptar com a reviravolta que está acontecendo nos costumes da nossa sociedade, vira louco ou suicída.

A sua mãe se erotiza no IRC e eu faço a mesma coisa vendo filmes pornôs na TV por assinatura, seja em que lingua for. O importante é que, quando acordamos de manhã, estamos alegres e felizes.

Carlito olhou bem para ele, e resmungou :

-Eu não acredito !


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Pode o ALFREDINHO BOCA LIVRE ser Santo sem Deus ?


... 5 de outubro de 2009 ... segunda-feira pardacenta ... triste ... parece que o mundo parou ... tudo parou ... vazio .. sem vento ... ... mas quando o vento voltar a se erguer, cumpre tentar Viver ! Será que o SOL vai voltar a brilhar ?

Comentário sobre o assunto em 05 de outubro d2009

A mídia está dando aquele famoso tempo para os ladrões respirarem. Depois de estarem em evidência devido as reportagens investigativas denunciando uma roubalheira por dia, os corruptos foram esquecidos, trocados pelo assunto "olimpiada 2016". Sem dúvida nenhuma os olhos da corrupção também estão voltados para esta grande festa esportiva.

Enquanto isso, eu fico pensando no que fazem os ladrões do dinheiro público quando não estão em evidência.

Presumo que durmam mais tranquilos.

Sendo assim, aproveitando esta folga proporcionada pela ausência dos ladrões na mídia, vou falar sobre um amigo meu que é um verdadeiro gênio, possivelmente um Santo, o Alfredinho Boca Livre.

Em primeiro lugar, ele se orgulha de nunca ter tirado uma Carteira Profissional. Sessenta e poucos anos, e nunca esteve empregado. Também jamais participou da economia alternativa. O máximo que Alfredinho faz em termos de algo parecido com "trabalho", é apresentar pessoas que precisam se conhecer.

Ele é craque em perceber estas necessidades. Se o cara deseja vender uma casa em Belém do Pará, lá na Ilha do Mosqueiro, ele arruma um comprador aqui no sul.

Não cobra nada. As pessoas pagam sem ele pedir um tostão. É chiquérrimo poder dizer aos quatro ventos, que tinha se usado dos préstimos do Alfredinho Boca Livre, pois acrescenta algo de folclórico à vida da pessoa.

Ele conhece todos os políticos e socialites que andam por este Brasil afora. É convidado para todos os eventos importantes Não fala mal de ninguém. A todos defende.

Mas o Alfredinho tem uma postura interessante, para que não se pense que ele é um canalha insensível e aproveitador. Quando fica provado que alguém é ladrão, ele desaparece do mundo desta pessoa. E o melhor, ele chora. Não compreende como uma pessoa pode roubar o dinheiro público, prejudicando o povo em geral.

Se diz um ateu convicto, mas quando tem tempo, seu lazer preferido é entrar nas igrejas, templos ou mesquitas, e nelas descansar. Sempre convida os amigos para acompanhá-lo. Detesta frequentar estes locais na hora de alguma missa ou algo parecido. Gosta de curtir a solidão dos mesmos.

Já entrei com o Alfredinho em algumas Igrejas. Ele filosofa. não reza. As lágrimas muitas vezes escorrem de seus olhos. Sem brincadeira, acho que em muitas ocasiões ele se aproxima da santidade. Lembro de um dos dilemas filosóficos de Albert Camus, quando ele indagava se o homem poderia ser Santo sem Deus.

Certa vez, encontrei o Alfredinho em plena praia da Pituba, em Salvador. Um sol causticante. Ele abriu aquele sorriso, e deu-me um longo abraço. Ele envolve a pessoa com vontade mesmo. Transpira sinceridade.

Olhou para mim e disse: "Lindo dia, não?’. "sim", respondi. E arrematou. Vamos pegar um carro e dar um pulo na igreja do Senhor do Bonfim? ‘Mas Alfredo, com este sol lindo, esta praia..." Ele respondeu: "Lá tá mais fresco e calmo. Tenho que ir lá agora, e preciso de companhia". E lá fui eu ver o Senhor do Bonfim.

Ficamos dentro do Santuário durante uma hora, e ele não falou uma palavra. Na saída, olhou para mim , e disse:

"Desculpe não ter falado com você lá dentro, mas estava pensando num político amigo meu que tenho aqui na Bahia, e estou muito triste com ele. Chorei muito por dentro. Ademais, deve ter sido muito bom para você também, pois estou sentindo que você não anda se comunicando muito bem com você mesmo."

Ele sabia encerrar os assuntos, sem precisar dizer que não queria falar mais dos mesmos.

Também devo dizer que as mulheres andam feito moscas no mel em cima dele. Ele ama todas. Diz que amor tão forte, igual ao dele, não pode ser apenas direcionado para uma mulher. Ele acha que seria uma injustiça. Uma violência.

O interessante, é que ele fala abertamente sobre o assunto. Após o espanto incial, elas pensam que é brincadeira. Depois de um tempo, percebem que não é. Invariavelmente, ficam completamente apaixonadas. O mais fenomenal nesta história, é que todas, com raras exceções, mesmo depois de abandonadas, continuam a amá-lo, e entendem perfeitamente o seu modo de pensar e agir. Certa vez uma delas me disse:

-É gostoso sofrer por um homem que tem tanto amor no coração. Ele é do mundo. Não é justo tirá-lo dele.

Acho que ela tem razão, pois amarrar o Alfredinho num relação amorosa, seria um crime hediondo. Posso dizer que ele é uma espécie em extinção.

Representa o homem livre, descompromissado, sem fronteiras, alma de criança, perspicácia de adulto, romântico, místico, enfim, Alfredinho tem tudo aquilo que os manuais que regem o sucesso do homem moderno não tem.

Felicidades para você Alfredo !


O autor, Wilson Gordon Parker, é escritor

WILSON GORDON PARKER
wgparker@oi.com.br
Nova Friburgo (RJ)